Como o adoecimento psicológico causado pelas dívidas pode afetar seu desempenho no trabalho

  • 05 de setembro de 2022
  • Por Bruno Sousa

Problemas com a família, amigos, saúde e diversos fatores podem afetar o nosso desempenho no trabalho, mas, muitas vezes, desconsideramos um motivo que está presente na vida da maioria das pessoas no Brasil: o endividamento. Para além de ajudarem o funcionário com o seu próprio controle financeiro, existem formas de as empresas colaborarem nesse momento de dificuldade. Neste início de setembro amarelo, mês marcado pela conscientização sobre saúde mental, mostraremos como o endividamento pode levar à baixa produtividade no trabalho.

 

Em março deste ano, tivemos um número recorde de pessoas endividadas no Brasil.  Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 77,5% das famílias brasileiras fecharam o mês com alguma dívida. 

 

De acordo com a pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Administração (FIA), as dívidas fazem com que os funcionários tenham problemas de concentração no ambiente de trabalho, diminuindo a produtividade e a motivação. Com a alta dos preços, pouco dinheiro disponível no orçamento e, muitas vezes, sem perspectivas de conseguir sair dessa situação, falta tempo para o colaborador se dedicar ao trabalho de forma adequada.

 

Também estão relacionados a isso a perda de tempo no horário de trabalho com assuntos relacionados às dívidas, constantes ligações e emails com cobranças. Os colaboradores nessa situação também dividem seu tempo com renegociações das dívidas e tempo de planejamento sobre quais contas são prioritárias na fila de pagamentos.

 

Ainda segundo a pesquisa, mais de 5% dos trabalhadores entrevistados estão lidando com dívidas consideradas fora do controle e mais de 57% deles possuem dívidas que afetam o orçamento financeiro, sejam elas em maior ou menor grau.

 

“As pessoas que conseguem se organizar financeiramente estão mais satisfeitas com o trabalho e, de maneira mais ampla, estão mais motivadas. Então ele [o funcionário] é mais satisfeito, produtivo, tem mais chance de crescer na carreira, alcançando maiores rendimentos, conseguindo se desenvolver pessoal e profissionalmente, se tiver dívidas apenas planejadas ou for um poupador”, afirmou Filipe Talamoni Fonoff, pesquisador e coordenador técnico da pesquisa, ao portal Suno.

 

Um estudo inédito do Serasa, realizado em 2021, também aponta problemas relacionados ao tema, como o fato de o endividamento afetar de forma negativa os sentimentos das pessoas. Segundo o Serasa, 76% dos brasileiros já tiveram problemas de concentração no trabalho por conta das dívidas. Além disso, 85% afirmaram que já tiveram insônia/dificuldade para dormir, devido ao endividamento.

O problema afeta tanto o colaborador, quanto a empresa, que pode sofrer com atrasos nas entregas, ausência dos colaboradores e até perdas de receitas. As faltas, inclusive, são mais recorrentes em funcionários com problemas financeiros, sendo um reflexo do problema e uma das principais causas de demissões nas organizações. Por isso, é importante que a empresa e o funcionário entendam como as dívidas estão afetando produtividade de ambos.

 

“Resgatar as pessoas, os próprios funcionários, que estiverem em dificuldade, trocando dívidas caras e mal adquiridas, por dívidas mais baratas, seja através de consignado em parceria com uma instituição… As empresas podem emprestar dinheiro e, se possível, ajudar a fazer a renegociação dessa dívida junto ao credor dessa pessoa”, disse Fonoff.

 

É emocionalmente desgastante lidar com as entregas diárias, com resultados no ambiente de trabalho, ao mesmo tempo em que é preciso lidar com as dívidas. Muitas vezes, isso leva o colaborador a ter crises de ansiedade e, em alguns casos, a desenvolver depressão. Por isso é importante que as empresas proporcionem alternativas para o funcionário, como palestras sobre saúde financeira, estratégias para evitar o endividamento e, se possível, soluções para a amortização das dívidas.

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