Série “Entendendo tudo do noticiário econômico”: Como a alta do dólar te afeta?

13 de dezembro de 2019
Por Nath Dumit

Vai ter que economizar nesse início de ano?

No cenário atual, a alta da moeda chega ao bolso do consumidor, considerando que o mercado importador encontra o aumento no preço das matérias-primas e repassa o acréscimo para o valor final dos produtos. O reflexo é maior no caso de eletrônicos e eletrodomésticos, produtos derivados do trigo e do petróleo, além de remédios importados ou feitos com insumos do exterior. Já para quem viaja o cenário é um pouco mais complicado, além da compra da moeda, as hospedagens e as passagens aéreas passam a custar mais.

 

Qual o lado bom disso tudo?

Para as indústrias exportadoras e que sofrem com a concorrência dos importados, esse avanço pode ser positivo para as vendas externas e para tomar o lugar dos importados no mercado doméstico. Mas as empresas que usam matérias-primas e componentes estrangeiros e o comércio varejista que compra itens de Natal no exterior, o custo das mercadorias deve subir. O repasse para os preços pode ser inevitável, apesar de a inflação estar controlada. A pressão crescente do dólar nos preços pode até mexer na condução da política monetária do Banco Central e interromper o ciclo de corte de juros básicos no ano que vem, preveem economistas.

 

O que o governo tem feito para controlar?

A escalada do câmbio levou o BC a fazer dois leilões de moeda para conter a cotação. O estopim da alta ocorreu na segunda-feira, quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em evento em Washington (EUA), que “é bom o mercado se acostumar com o câmbio mais alto por um bom tempo”. O comentário do ministro soou para o mercado como uma indicação de que não existe preocupação com o atual patamar de câmbio. Apesar de a fala do ministro ter desencadeado o repique do câmbio, não é de hoje que a cotação da moeda americana anda pressionada.

 

Mas isso tudo veio do nada?

Alguns fatores externos, como crescimento dos EUA acima da média de outros países, a guerra comercial entre China e EUA e a maior remuneração paga pela bolsa americana, justificam a saída do dinheiro do país. No entanto, existem fatores peculiares ao País, como os juros na mínima histórica. O juro em baixa atrai menos capital de curtíssimo prazo, porque o diferencial de taxas hoje é menor.

Apesar dessas vantagens, mesmo esses setores sofrem com a alta da moeda americana, já que a longo prazo o valor alto afeta o cotidiano das pessoas porque influencia diretamente a inflação. Desta forma, o dólar valorizado retrata uma economia em desequilíbrio, que influencia no cenário em que o cidadão comum perde poder de compra em relação ao resto do mundo.

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